sábado, 24 de agosto de 2013

I CAPÍTULO

                                
                                Como tudo começa

Eu sou meio suspeita pra falar, pois conheci Aninha( é assim que chamava Ana Clarice intimamente), pois estudamos juntas a graduação em pedagogia no início de 2003 e até hoje nossa amizade perdura.
Ela sempre foi falante, criativa, amiga de todas as horas, quebrava o galhos de algumas outras colegas, namoradeira,e ao mesmo tempo pensativa, crítica,às vezes gostava mais de ouvir do que de falar. Mas, não poderia deixar de expor para vocês essa história que começa assim...
Quando conheci Ana Clarice, ela já ensinara na escola de sua mãe Maria, uma escola pequena,porém acolhedora e organizada, de um bairro carente e também estigmatizado da cidade do Recife.
Ouvia muito ela falar que estava feliz por ajudar a sua mãe a realizar sonhos, que também eram dela. ensinava crianças a ler e se apropriar da leitura, era bonito de ver como ela enchia os olhos de lágrimas ao descrever a sensação de ver seus alunos da alfabetização lendo e fazendo uso da leitura. Emocionava.
Aninha tinha apenas o magistério,assim ficou por alguns anos. a cada dia sentia que era realmente aquilo que queria para sua vida, ser professora.
Nesta escola ela viveu e ainda vive grandes histórias, uma outra que veio a memória agora, foi quando começara a ensinar no ensino fundamental, numa tarde de um dia que não me recordo agora, recebe o telefonema de uma mãe aflita, querendo matricula para sua filha, mas fala que esta tinha um “problema” e Ana Clarice prontamente perguntou: ― Que problema senhora? ― Ela tem uma deficiência. Responde a mãe, aflita e esperando uma resposta negativa daquela professora. ― Não tem problema nenhum, pode vir aqui conhecer a escola. Ela no outro dia, vai à escola e como era de se esperar, foi muito bem recebida, e atentamente Clarice ouvia o que a mãe daquela criança falara e depois de muito ouvir começou a falar: ― Bem, mãe vou lhe ser sincera, não tenho experiência com crianças com Síndrome de Down.mas, o que seria de nós professores se não houver uma primeira vez,será o meu primeiro desafio como professora,indagou Ana Clarice,e peço a ajuda da senhora e seu esposo,o mais importante será como transmitir de maneira clara todos os conteúdos  A mãe,balança a cabeça como forma afirmativa e completa: ― No que você precisar estaremos prontos a atender, orientar,ela também é acompanhada por psicólogo, fonoaudiólogo, enfim uma série de profissionais que dão suporte e me ajudam também,completa. ― Vou pedir orientação a minha professora de Educação Especial na universidade que acabei de entrar, fala Ana Clarice.
Esta foi uma grande experiência para minha amiga e até hoje ela se orgulha da postura que teve frente ao “diferente”, para ela eram todos iguais na sala de aula.
Ela sempre quis fazer sua graduação, finalmente começa e realiza mais um sonho.
Como falei lá no início conheci Ana Clarice na universidade,mais precisamente no dia da matricula. Lá estava ela sentada no banco do pátio esperando a hora de entregar os documento, quando me aproximei puxando conversa:
― Oi! Bom dia!
― Tá esperando abrir a secretária?
― Estou, já, já abrem,respondeu.
― Seu nome? ―Ana Clarice e o seu?
― Tatiana.
― Que curso vai fazer?
― Pedagogia, à noite.
― Eita! Então poderemos ser colegas de classe,pois também vou fazer. Acho que quando entregarem a grade curricular vem o número da sala e turma.
― Acho que sim,legal! diz, Ana Clarice.
E assim aconteceu.Estudávamos numa sala com mais 50 alunos, e tínhamos 12 professores. Cada disciplina, um professor, víamos eles uma por vez semana, tá dando pra imaginar né?!  Quantidade de trabalhos e atividades.Enlouquecendo? Estávamos quase!(risos)
Inúmeras vezes via Clarice chegar super cansada do dia de trabalho que tivera, às vezes desanimada, mas preferia ficar quieta.
Mas assim também chegavam algumas outras colegas que também ensinavam em alguma escola ou trabalhavam em loja do comércio do Recife. Eu não chegava cansada, mas vez ou outra atrasada, morava no Cabo.Não trabalhava, fazia alguns bicos e recebia ajuda de meus pais.
Nossa vida acadêmica foi marcada pelos inúmeros  trabalhos, provas, estágios, relatórios, resenhas, livros e livros lidos e por fim a tão temida monografia.
Passados três anos e meio concluímos o curso. Claro que não paramos por aí, juntamos um grupo bom de colegas de sala e fomos para mais um desafio, a pós-graduação.
Quando terminamos a graduação em 2006, fizemos um concurso que a a prefeitura da cidade do Recife abrira, era para professor I e professor II.Estávamos confiantes, pois acabávamos de sair da universidade, o conteúdo fluía  No dia que saiu o resultado liguei pra aninha e vibrávamos. ― Passamos! Fomos aprovadas! Que bom amiga parabéns! Falamos uma a outra.
Então ficamos no aguardo de sermos chamadas, já que o concurso era válido por 2 anos.

Educação Especial que nos aguarde!
Era assim que Ana Clarice falava,e assim fizemos, Clarice foi logo dizendo que queria este curso,pois,só assim se aprofundara mais sobre este universo, que é dos portadores de necessidades especiais. Como também expor suas experiências, trocar idéias, apreender mais sobre tudo que lhe inquietava. Tinha grandes dúvidas se agira certo com aquela aluna. Mas, no fundo era só ansiedade, era muito competente e até hoje tem amizade com aquela família.
Começamos nossa especialização em 2007, aos  sábados o dia todo. Sentávamos num canto da sala, ali conversamos baixinho, tirávamos dúvidas, de repente: Psiu! ― Quem cochicha? ― Perguntava a professora. Abríamos um sorriso amarelo. ― Somos nós professora.Desculpe. E assim, era nossas aulas, umas animadas,produtivas,outras calmas,confusas.Mas estávamos ali, firmes e fortes.
No final do ano de 2007, terminávamos a pós-graduação, mas tínhamos até o mês de março para entregar a monografia. E assim em março desde mesmo ano entregamos nossa monografia e depois de 15 dias sai nossa aprovação.
No dia em que fomos receber o resultado da monografia da Pós-graduação,marquei com Clarice num restaurante onde almoçávamos aos sábados,e ai apresentei Pedro meu namorado. ― Ainda estou a procura do meu amor, brinca, Ana Clarice.
Sensação de dever cumprido.



Um comentário:

  1. Esperando o próximo capítulo!
    Abraços

    Angela

    http://ahistoriadejulia2.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir